El relato mítico de Faetonte, en portugues

1. O relato mítico de Faetonte, pode sim, ser considerado  um modelo para Sor Juana, já que a monja, retrata a rebeldia desse ser mitológico, como um ato heroico de ousadia, considerado necessário à  própria subsistência humana:  “o homem não deve estacionar à margem da história e assistir seus tempos serem conduzidos até onde os donos do poder permitam. Pelo contrário, há que se tomar uma atitude fundacional e resistir a que se torne, por osmose, um parasita”. Nesse sentido, foi o que Faetonte fez, resistiu, rebelou-se, não se contentou em ser simplesmente mais um, preferiu transcender os limites do tempo de sua existência, projetando  sua história na eternidade , mesmo que isso tenha lhe custado a própria vida. O mesmo ocorre com Sor Juana, quando elogia o pecado original do homem, chocando uma sociedade inteira, que não estava nem um pouco preocupada com “a lapidação humana”, ou qualquer outra coisa, que conduzisse o ser humano ao que chamamos de emancipação na atualidade. Ao passo que a história de Faetonte se resume num único acontecimento, a monja, tem uma história de mais de quarenta anos de luta, que se inicia com a rebeldia contra os “donos do poder” e mesmo sob perseguição vence as imposições patriarcais de sua época, espremendo-se pelas malhas do poder, transcendendo as limitações políticas, sociais e religiosas, para se expressar de maneira livre, numa sociedade marcada pela coerção social. A madre era desafiadora, insubmissa e sua refração à domesticação, muito parecida com a de Faetonte. Ela heroicizou de tal maneira a figura mitólogica, que chega a torna-la arquetípica para si, a ponto de transforma-la numa autonomásia dela mesma, nos deixando um legado monumental.

2. A redondilha 92 é inovadora, por que foi escrita numa época em que homens e mulheres  eram vítimas da organização social que eles mesmos, com suas hipocrisias e falsa moral mantinham. A mulher ocupava uma posição inferior na sociedade e sua situação era muito pior que a do homem, sendo que, os dois eram vítimas de uma herança de um modelo cultural secular.  Numa época em que a mulher era vista como objeto de procriação, sem direito a voz ativa, surge Sor Juana, uma voz feminina, em favor da igualdade entre homens e mulheres, uma luta que se estende até nossos dias. Redondilha 92 foi uma ruptura histórica, pois pela primeira vez, uma mulher ergue a voz e usa sua inteligência, para defender seu gênero e acusar os homens dos mesmos vícios e culpas impultados as mulheres. “Sor Juana se adianta no seu tempo, não havia nada parecido, no século VII, na literatura feminina da frança, Itália e Inglaterra, ela dá uma expressão moderna ao seu drama barroco e”dibla” algumas convenções morais da sociedade e o resultado disso é uma poesia que dialoga  com o nosso presente  num patamar de igualdade discursiva, a partir de argumentos vivos que encontram reflexo em nossa experiência atual”. Por isso tão inovadora dentro de uma era tão antiga.

3. A madre defendia o elemento autóctone americano, elogiava, e o alinhava socialmente com o cidadão da metrópole, mas não deixava de falar sobre os cultos pré-hispânicos, dando importância a sua história e a capacidade de sobreviver na clandestinidade e critica os procedimentos hipócritas da igreja católica em relação ao Índio e ao Criollo. Ela podia falar  sobre o que é ser um cidadão de segunda classe,  num a sociedade opressora,  já que tinha sentido na pele, o que é ser “ uma filha ilegítima,”. Apesar de seu fascínio pela Espanha, ela percebia as injustiças cometidas por essa nação contra a América e usava tanto o idioma espanhol como o latim para enfrentar o opressor  através de denúncias. Sim, é possível falar da americanidade de Sor Juana, além de uma parte sua descender de americanos, suas obras confirmam elementos de sua nacionalidade.

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