O TEMA DE INÊS DE CASTRO EM HERBERTO HELDER E FERNÃO LOPES: A PERMANÊNCIA DO MITO
Enviado por gleicipinheiro • 2 de Junio de 2013 • 2.782 Palabras (12 Páginas) • 875 Visitas
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 5
2. REVISÃO DA LITERATURA 6
2.1 A Historiografia 6
2.2 Fernão Lopes 6
2.3 A Crônica de D. Pedro I 6
3. MITO: A PONTE QUE LIGA TEMPOS 7
4. INÊS DE CASTRO EM FERNÃO LOPES E HERBERTO HELDER 8
5. A PERMANÊNCIA DO MITO: EVOLUÇÃO DO TEMA MEDIEVAL ATÉ A MODERNIDADE 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS 13
REFERÊNCIAS 14
1. INTRODUÇÃO
O mito não é uma explicação destinada a sastifazer uma curiosidade científica, mas uma narrativa que faz reviver uma realidade do tempo das origens, que satisfaz a profundas necessidades religiosas, aspirações morais, a pressões e a imperativos de ordem social, e mesmo a exigências práticas ( MALINOWSKI & ELIADE, 1972).
Ao longo da história, um tema conseguiu transpassar a Idade Média e evoluiu até a modernidade: é o episódio de Inês de Castro. Conseguindo enraizar-se pelas diversas eras da história mundial, o amor entre D. Pedro I e D. Inês de Castro, assim como também sua morte , serviram de tema para vários autores, em várias épocas, na elaboração de textos. Entre eles, vale destacar dois: o historiógrafo Fernão Lopes, nomeado cronista pelo rei D. Duarte, que escreveu as crônicas do reis D. Pedro I, D. Fernando e D. João I e o escritor Herberto Helder, um escritor português, considerado um dos mais originais poetas vivos de língua portuguesa. Escreveu o conto “Teorema”, versão do episódio relacionado com o assassínio de Inês de Castro. Estes dois autores têm um ponto em comum: trabalham com a história do rei D. Pedro I e seu romance com D. Inês de Castro. É através de ambos que neste ensaio monográfico, será possível entender como uma história de amor conseguiu superar o tempo e continuar tão viva e presente nas obras de vários autores através dos séculos.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A Historiografia
A atividade, que na época do Trovadorismo não passava da fase embrionária e improvisada, entra no século XV em sua fase madura, graças especialmente a Fernão Lopes, seguido de Gomes Eanes de Azuara e Ruí de Pina.
2.2 Fernão Lopes
Pouco se conhece de sua biografia. Em 1918, D. Duarte
nomeou Guarda-Mor da Torre do Tombo e , em 1434, incumbiu-o de escrever a crônica dos reis da primeira dinastia. Faleceu depois de 1459. De suas obras, apenas três nos restaram: Crônica de D. Pedro, Crônica de D. Fernando e Crônica de D. João I.
2.3 A Crônica de D. Pedro I
Filho de Afonso IV, D. Pedro I reinou entre 1357 e 1367. Aos vinte anos, casou-se com D. Constança, filha do infante João Manuel, regente de Castela. Entre as damas de companhia de D. Constança contava-se Inês de Castro, filha do fidalgo galego Pedro Fernandes de Castro, por quem D. Pedro logo se apaixonou. Mas seu pai, que então reinava, interpôs-se Com o falecimento de D. Constança, em 1345, os enamorados passaram a entreter livremente seus amores. Todavia, o rei se deixava convencer por seus conselheiros a permitir o assassínio de Inês, que se consumou em 7 de janeiro de 1355. Enfurecido de dor e indignação, D. Pedro, quando já erguido ao trono, conseguindo aprisionar os matadores de Inês, ordenou que morressem com tal sadismo que ele acabou merecendo os epítetos de “O Cruel” e “ O Justiceiro”. Nem por isso amainaram as saudades de Inês: torturado pela ausência, passava noites e noites de horrores e pressentimentos, de que se julgava livrar saindo às ruas para dançar e confraternizar com o povo... (MOISÉS, 2004)
3. MITO: A PONTE QUE LIGA TEMPOS
Nas civilizações, o mito sobre algo ou alguém desempenha uma função indispensável: ele exprime, enaltece e regulamenta a crença; preserva e impõe, os princípios morais... O mito, portanto, é um ingrediente vital da civilização humana; longe de ser uma fabulação vã, ele é o contrário uma realidade viva, à qual se recorre incessantemente (MALINOWSKI & ELIADE, 1972).
Segundo Durand (2001), o mito é o imaginário em discurso, tal proposição faz- nos analisá-lo no nível da composição literária, com isso tentamos entender como surgem os pilares que sustentam um ser imaginado.
Levantam-se alguns questionamentos no drama do mito inesiano a respeito da figura régia de Pedro, que geram assuntos recorrentes, mas abordados de modo diverso pelos cronistas ao longo dos séculos: o amor e saudade de Pedro e Inês eram excessivos? Pedro seria Cruel ou Justiceiro por conta disso? Até que ponto o amor e a saudade interfeririam no governo justo?. Entretanto, Helder, no conto “Teorema”, se aproveita destes questionamentos e relatos históricos para promover um “diálogo” com a obra de Fernão Lopes, mas isso acontece de outra forma. É construída uma nova história, que não é a morte de Inês, nem tampouco a justiça de D. Pedro, mas outra: a que narra a morte de Pero Coelho, uma dos “carrascos” de Inês. Considerando estes questionamentos, faz-se a seguinte pergunta: O que faz com que determinadas personagens, e não outras, saiam da temporalidade ou linearidade histórica e ganhem dimensão infinita e circular do mito?
Segundo Eliade (1989), a História se faz mito quando há nela um núcleo de interesse que supera as leis da casualidade, da conveniência e da necessidade para afirmar uma força que, por natureza, é subversiva, inexplicável e, portanto, incabível na narrativa.
Com a aparição de um tema medieval na modernidade, podemos dizer que, quando uma personagem transita da história ao Mito, isso equivale a dizer que sua ação não se esgota na cronologia, no ser e na sucessividade, mas passa a integrar o tempo do eterno rito e estabelece um padrão de conduta de tempos em tempos resgatado, para lembrar um significado remoto da cultura que, entre outros mitos, ela fundamenta.
Se examinarmos o destino cultural da figura Inês, vamos ver que ela só ganha uma grandeza além do biográfico, transformando-se em mito, por obra do sentimento que sua morte teria gerado em D. Pedro.
4. INÊS DE CASTRO EM FERNÃO LOPES E HERBERTO HELDER
A crônica de D. Pedro I e O conto “Teorema” mostram diferentes pontos de vistas de uma mesma história, com diferentes objetivos. Fernão Lopes apenas fez a bibliografia de D. Pedro no qual a figura de Inês está inserida em um de seus episódios, enquanto Herberto Helder volta à atenção para perpetuação do mito no decorrer da história. Em “Teorema”, a narrativa é contada sob o ponto de vista
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