Você Terá Lugar No Futuro?
Enviado por Marcuslazareff • 19 de Septiembre de 2014 • 3.732 Palabras (15 Páginas) • 173 Visitas
Artigo: Você terá lugar no futuro?
O que será realmente preciso, no futuro, para conquistar um bom emprego ? ou, na linguagem que se recomenda hoje em dia, para executar um bom trabalho? O que o mercado estará exigindo, lá adiante, de quem pretende ser um vencedor? Como mudar para um lugar melhor? Como ter esperanças realistas de promoção, de avanço na carreira, de realização profissional? Que habilidades e qualificações vão ser cobradas das pessoas empenhadas em aproveitar as oportunidades mais compensadoras? A que tipo de gente estarão reservados os melhores salários e benefícios? Em suma: quem vai dar certo, ou dar mais certo, no mercado de trabalho que se desenha para os próximos anos? Essas perguntas não constituem um mero exercício de divagação teórica, um passeio suave e inofensivo em torno de palpites a respeito do que o futuro nos reserva. Da mesma maneira como a economia ? e, por consequência, o universo do trabalho ? vai se modificando com rapidez cada vez maior, também as carreiras profissionais são hoje, e sem dúvida continuarão sendo nos próximos anos, algo cada vez mais dinâmico. Queira você ou não, perceba você ou não, sua vida profissional está em mutação. E, para que ela mude a seu favor, é fundamental antecipar os requisitos profissionais que estarão sendo exigidos de você daqui para a frente, e que irão influir efetivamente nesse processo de mudanças.
Para entender a questão com mais facilidade, pense um pouco em que ambiente se vivia, do ponto de vista profissional, apenas 15 anos atrás. Não uma geração atrás ? em 1985, ou até menos que isso. O fax era considerado, então, um equipamento de comunicação moderno. Computadores, dentro das empresas, era algo que ficava trancado nos "centros de processamento de dados", os CPDs ? ninguém, ou quase ninguém, tinha uma estação de trabalho em volta de sua mesa. Não havia um único celular em funcionamento no Brasil, nem um laptop, nem uma linha 0800, nem sequer um vestígio de correio eletrônico. A Internet, e todas as suas imensas consequências no mundo dos negócios e do trabalho, ainda levaria pelo menos mais dez anos para entrar na vida real das empresas e das pessoas. Bancos, até essa época, eram os grandes empregadores do país: o Bradesco, para ficarmos num único exemplo, chegou a ter mais de 150 000 funcionários em sua folha de pagamentos. Participação nos resultados das empresas, remuneração por performance ou stock options eram instrumentos limitados a uma quantidade reduzidíssima de profissionais. Numa economia fechada ao resto do mundo como a brasileira, havia pouco ou nenhum interesse em questões como competição, qualidade dos produtos, iniciativa pessoal, bom atendimento ou fidelização de clientes. Uma geração inteira de executivos brasileiros tinha passado toda a sua vida profissional sem conhecer outra realidade que não fosse a da inflação descontrolada ? e aprendido que se defender dela era muito mais importante que produzir.
Vastos setores do mercado de trabalho, das telecomunicações à energia elétrica, estavam fechados à iniciativa e aos investimentos privados. O mundo das empresas brasileiras ? e a sua importância relativa, enfim ? não tinha nada a ver com o de hoje. Na edição de 1985 de Melhores e Maiores, da revista Exame, por exemplo, não apareciam nomes como Telefônica, Tam, Visanet, Redecard, Novartis, Telesp Celular ou Coimex Internacional, cuja ausência, no dia-a-dia do atual universo brasileiro de negócios, seria algo incompreensível. Empresas então campeãs, como os grupos Bonfiglioli e Susa, a loja de departamentos Mappin, a construtora Encol e os supermercados Eldorado, Paes Mendonça e Barateiro, simplesmente desapareceram do mapa, depois de compradas, fundidas ou fechadas. O maior faturamento de uma empresa privada no Brasil, então, era de 2,5 bilhões de dólares anuais. Na última edição de MM, a empresa número 1, a Volkswagen, apresentou vendas de 4,7 bilhões de dólares.
Essa lista de comparações poderia estender-se por páginas e páginas, mas o que foi exposto nos parágrafos acima é mais do que suficiente para mostrar a questão-chave da história: o profissional brasileiro de apenas 15 anos atrás, ou os que se preparavam para entrar no mercado de trabalho de então, vivia, do ponto de vista de sua carreira, uma realidade absolutamente diferente da que se vive hoje. Essa realidade, naturalmente, determinava toda uma maneira de se trabalhar no Brasil. Eram outras as capacidades exigidas dos profissionais, as atividades a desempenhar, as prioridades, as medidas do sucesso. Eram outros os valores, os objetivos a atingir, os critérios de avaliação. Conclusão: a não ser que o mundo pare (e ele não vai parar) as realidades do ambiente de trabalho daqui a 5, 10 ou 15 anos também serão diferentes das de hoje ? e, em consequência disso, diferentes serão também os requisitos exigidos pelo mercado para os que estarão em busca de melhores empregos, oportunidades e remuneração. Na verdade, com a rapidez com que as transformações se processam hoje em dia, é quase certo que as mudanças no mundo do trabalho a ser operadas nos próximos anos serão ainda maiores do que as que ocorreram de 10 ou 15 anos para cá.
E você nisso tudo? Como, na vida prática, se preparar para lidar com as questões relacionadas no primeiro parágrafo deste artigo? Em outras reportagens da presente edição você encontrará informações, análises e opiniões de cérebros privilegiados sobre as empresas do futuro, sobre as áreas mais promissoras do mercado, sobre o tipo de lideranças que será exigido. O foco, aqui, está no profissional como indivíduo, independentemente de setor, atividade ou especialização a que se dedique ? quais deverão ser as atitudes, a postura, os valores para competir com chances reais de êxito no mercado de trabalho que se abre à nossa frente. Mãos à obra, então:
Pense menos em POSIÇÃO, pense mais em MOVIMENTO
Diversas empresas, setores e métodos de vanguarda do mercado estão dando sinais, desde já, de que os profissionais tendem a ser mais valorizados não tanto pelo cargo que ocupam, mas pelo que sabem fazer. Mais do que na hierarquia, portanto, a cabeça do profissional deve estar na sua capacidade de desempenhar com excelência tarefas atribuídas a ele. Talentos com boas performances individuais poderão (já começam a poder, hoje) ganhar mais do que gente que está acima na escala hierárquica da organização. Atingir essa ou aquela posição, assim, tende a ser menos importante no futuro do que se movimentar nas faixas de ação em que você é mais competente. ?No futuro poucas pessoas estarão preocupadas em procurar carreiras tradicionais?, diz Clemente Nobrega, físico, escritor da newsletter NewsChemata e diretor da Amil Assistência Médica.
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