AS COMUNIDADES E OS (DIA) LETOS
Enviado por claudiajuan • 7 de Abril de 2013 • 2.493 Palabras (10 Páginas) • 430 Visitas
Para compreender LABOV
Síntese capítulo III
AS COMUNIDADES E OS (DIA) LETOS.
A comunidade de fala não se define por nenhum acordo marcado quanto ao uso dos elementos da língua, mas sobretudo pela participação num conjunto de normas estabelecidas. Tais normas podem ser observadas em tipos claros de comportamento avaliativo e na uniformidade de modelos abstratos de variação, que são invariantes com relação aos níveis particulares de uso (Labov, 1968).
3.1. A questão dos limites
Para compreender Labov, uma das questões complexas diz respeito ao alcance do conceito de comunidade. Trata-se de uma questão complexa porque os linguistas não são unânimes quanto aos critérios de demarcação.
Uma das tarefas da sociolinguística é descrever as línguas em sua diversidade funcional e social e portanto o pesquisador terá que registrar dados. Ele inicia seu trabalho nas situações concretas em que a fala ocorre e surge então a primeira indagação: que tipo de fala deve ser analisada? O discurso do individuo isoladamente ou as características das manifestações linguísticas de um determinado grupo social?
No modelo laboviano, a pesquisa tem sido a análise de grupos de indivíduos, observando-se os aspectos sociais que interferem na sua fala. Argumenta Labov, o vernáculo é propriedade de um grupo. A preocupação do investigador deve ser a de descrever uma variedade linguística.
Nem sempre há coincidência entre o domínio de atuação de uma língua ou dialeto e os limites territoriais de uma nação ou região. Um idioma, como o português, é falado por diferentes povos, que não estão em contato. E em uma mesma zona territorial podem coexistir duas ou mais línguas.
3.2. As concepções da comunidade
Para Labov a expressão (comunidade de fala) deve ser aplicada a um grupo que segue as mesmas normas relativas ao uso da língua.
Para Fishman, todos os membros do agrupamento social têm pelo menos em comum uma variedade linguística assim como as normas do seu emprego.
Amusategi: um grupo cujos membros têm pelo menos uma variedade e compartilham acordos, regras ou normas para o seu emprego correto.
Encontramos divergências entre os linguistas e uma solução proposta é a de distinguir o conceito de comunidade de fala do de comunidade linguística.
Roraime explica que uma comunidade de fala não é coextensiva com uma comunidade linguística. Conceitua a primeira como “um grupo de pessoas que não compartilham a mesma língua, mas sim compartilham um conjunto de normas e regras para o uso dela”.
Morales mostra que comunidade linguística e comunidade de fala nem sempre se confundem: Madrid e Caracas, por exemplo, participam da mesma comunidade linguística, porém são distintas comunidades de fala porque não compartilham uma série de atitudes linguísticas. Outro exemplo é o português falado no Brasil e em Portugal, ambos fazem parte de uma única comunidade linguística, distinguem-se quanto às regras e atitudes ao uso do idioma.
Marcos assinala que a comunidade linguística pressupõe a existência de uma demarcação física que iria desde pequenos núcleos territoriais até países ou áreas supranacionais. É há também a possibilidade de que seus membros não sejam monolíngues.
Labov apresenta: os falantes do inglês da Philadelphia são membros de uma comunidade mais ampla dos que falam o inglês americano, que por sua vez são membros de uma comunidade mais ampla dos falantes do inglês. Aplicando a perspectiva inversa, Philadelphia é composta de várias subcomunidades menores.
Se consultarmos um dicionário o conceito de comunidade linguística implica que sejam reunidas certas condições específicas de comunicação, preenchidas em um momento dado por todos os membros de um grupo. O grupo pode ser de qualquer natureza: estável ou instável, permanente ou efêmero, de base geográfica ou social.
Hudson comenta que comunidade linguística e comunidade de fala frequentemente são usadas com o mesmo sentido.
Mais algumas definições:
Lyons, comunidades de fala são todas as pessoas que usam uma determinada língua ou dialeto.
Hockett cada língua define uma comunidade de fala: o conjunto completo de pessoas que se comunicam entre si, direta ou indiretamente, por meio de uma linguagem comum.
Bloomfield uma comunidade de fala é um grupo de pessoas que interagem por meio da fala.
Gumperz é um agrupamento humano caracterizado pela interação frequente e regular, efetivada através de um mesmo sistema de signos verbais, e separado de agrupamentos similares por significantes diferenças no uso da linguagem.
Tais definições são amplas ou muito pouco precisas. Dittmar qualifica-as de ingênuas, afirmando que o critério de interação é inconsciente. Seguindo a análise feita por Dittmar, podemos agrupar as definições em função de três critérios básicos. O primeiro é o da interação ou das regras compartilhadas para o uso de uma dada língua. O segundo não leva em conta obrigatoriamente que a língua de uma comunidade seja a mesma. O terceiro critério utilizado é o da identidade social.
Halliday explica: A comunidade de fala é um grupo de pessoas que se consideram como usuários da mesma língua.
De modo análogo, na teoria da variação, segundo observou Baylon, subsistem também pelo menos três concepções de comunidade. A primeira é a de Labov: um grande número de pessoas de diferentes classes sócio-econômicas que vivem num mesmo território, quase sempre uma grande cidade. As outras duas concepções põem em relevo o individuo, e se distinguem pelo fato de escolherem níveis diferentes para o início da análise: uma se detém nas redes sociais, em todas as espécies de laços entre grupos de indivíduos; a outra concentra sua atenção no próprio individuo.
Labov define a comunidade linguística em termos de normas compartilhadas. Se levarmos em conta cidades como São Paulo, Lagos e Djakarta, onde a maioria da população é de imigrantes e não consegue nem mesmo falar a língua oficial, colocado à parte o dialeto padrão.
3.3. As áreas linguísticas.
Segundo explica Trudgill, se refere a um território onde se falam muitas línguas que, embora não sejam necessariamente relacionadas, têm um certo número de traços em comum, como resultado da difusão de inovações através das fronteiras linguísticas.
No entanto, para Gumperz , a área linguística é um grupo social unilíngue, bilíngue ou plurilíngue, que deve a coesão à frequência e à densidade da interação social. Pode compor-se de pequenos grupos ou cobrir vastas regiões.
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