Taubaté: A Imprensa E A Educação pública
Enviado por chrisgrace • 21 de Marzo de 2013 • 2.671 Palabras (11 Páginas) • 289 Visitas
CHRISTIANE GRACE GUIMARÃES DA SILVA
TAUBATÉ: A IMPRENSA E A INSTRUÇÃO PÚBLICA
(1895-1902)
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo compartilhar uma pesquisa que se propõe a analisar e comparar, as diversas notícias veiculadas nos jornais de Taubaté no período de 1895 a 1902 sobre instrução pública, para compreender de que maneira a elite letrada taubateana, envolvida nas mais diversas instituições, encarou as questões educacionais. Verificar quais temas, problemas ou contendas envolveram a instrução pública no município de Taubaté na passagem do século XIX para o século XX num período de efervescência política gerada pela implantação do regime republicano, preenchendo assim uma lacuna de conhecimento sobre instalação desse “novo” modelo de educação em Taubaté, prometido pelos republicanos.
Palavras-chaves: Educação e Imprensa, História da Educação, República.
1. Introdução
1.1 Os republicanos e a educação
Segundo Hilsdorf (2005), no Manifesto Republicano de dezembro de 1870 , seus signatários mostraram sua opção pela forma evolutiva de conquista do poder político, ou seja, a sociedade brasileira seria transformada indireta, lenta e acumulativamente “pelo alto”, a ser ensinada “mediante a militância dos propagandistas republicanos na imprensa, no Parlamento, nos atos políticos republicanos e nas instituições escolares” (p.60). A escola era vista por eles como a grande arma da transformação da sociedade. A freqüência à escola formaria o homem progressista e adequado aos tempos modernos.
Com o início do período republicano a primeira reforma da instrução pública é feita em São Paulo introduzindo uma série de modificações e inovações no ensino primário. Uma nova organização administrativo-pedagógica, criada para atender a um grande número de alunos e cumprir os desígnios do que os republicanos chamavam de ideal da educação popular que culminaria num modelo de escola denominado grupo escolar.
Os estudos sobre os anos subseqüentes à implantação desse novo modelo de educação mostram que muitos problemas continuaram pairando sobre a educação, pela deficiência da implantação desse novo modelo escolar: falta de uniformidade no ensino primário, edificações que não acompanharam o ritmo crescente de criação e instalação das escolas graduadas, queixas constantes em relação às más condições dos prédios, grupos escolares criados e instalados sem o mínimo material para o seu regular funcionamento, elevado número de escolas isoladas sem as mínimas condições de instalação.
1.2 Taubaté no cenário republicano
O Estado de São Paulo vivia um momento importante no cenário nacional. A expansão da cultura do café trouxe, além do desenvolvimento econômico, o aumento da população e elevado fluxo migratório.
Segundo Soto (2000), analisando a história da formação da cidade entre 1860 e 1935, do ponto de vista econômico, o plantio do café determinava as atividades produtivas em última instância; mas outros setores se desenvolveram à margem e até independentemente da atividade cafeeira. No final do século XIX e início do século XX a “urbe” foi incrementando seu papel de refúgio dos egressos das fazendas de café, dos latifundiários que transferiram definitivamente suas residências e também dos pequenos proprietários que visavam manter sua renda através da venda de sua produção ou ocupando cargos públicos. Para ela, ao contrário do que aconteceu a outras cidades do Vale, Taubaté continuou seu crescimento até o final do século XIX. À medida que o século avançava, a reformulação do espaço urbano tornou-se uma prioridade e definitivamente a ênfase do desenvolvimento, segundo a autora, se descolou definitivamente do meio rural para o urbano. Soto (2000) afirma que “essa consciência das urgências urbanas” fez com que um setor estruturado da população, como os fazendeiros que “foram morar na cidade”, os profissionais liberais e os pequenos proprietários, sugerissem reformas, que consideravam importantes para o desenvolvimento e crescimento de Taubaté, especialmente por meio dos jornais.
Considerando que encontrei um grande e variado número de notícias sobre educação nos jornais que circulavam na cidade nesse período e somando-se isso as indicações do trabalho de Soto (2000), acredito ser possível verificar quais os temas, problemas e debates que fizeram parte dessa contenda para revelar quais as representações que se faziam sobre a escola nesses jornais. Para Chartier (1990) as representações do mundo social são sempre determinadas pelos interesses dos grupos que as forjam, portanto, quais eram os interesses desses grupos representados nas páginas dos jornais, considerando a questão educacional?
1.3 A educação e a imprensa taubateana
Gonçalves (2004) nos mostra que as articulações políticas em torno da instalação do primeiro grupo escolar na cidade, iniciaram-se no ano de 1895 através das páginas dos jornais e das atas da Câmara. Para ele, as notícias sobre essa instalação mostram como alguns setores da cidade aglutinados em parte na imprensa local, passaram a apostar no modelo republicano e numa escolarização que pudesse contemplar o ideário da modernidade. Um sistema de instrução pública que acreditavam ser qualitativo e, ao mesmo tempo, poderia ampliar o acesso à escolarização de outras camadas da população. Em 1896 instalou-se o grupo que foi, segundo ele, construindo identidade própria, escolarizando e formando parcelas da sociedade taubateana. Em 1902 o projeto do novo e definitivo prédio já estava viabilizado .
Gonçalves (2004) durante o trabalho afirma que, o debate encontrado na imprensa sobre a instrução pública levanta alguns questionamentos que ainda não foram respondidos: como a cidade de Taubaté, através de sua elite letrada, encarou esse conjunto de transformações políticas e culturais? Como o debate sobre a necessidade de um grupo escolar penetrou nos principais círculos de comunicação, principalmente a escrita? Como essas elites liam a escola? De que forma encarava a educação e seu papel na sociedade daqueles tempos?
Acrescento a esses questionamentos a seguinte pergunta: Quais temas, contendas, questões estão circunscritas nas páginas dos jornais que nos mostram quais eram as representações que a elite letrada taubateana fazia da escola? Qual discurso sobre educação era vinculado nos jornais? Segundo Chartier (1990) as “percepções do social não são de forma alguma discursos neutros”. É preciso portanto, verificar quais eram esses discursos e, qual a
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