O Que é Uma Tradução Intersemióticas ?
Enviado por revison • 11 de Junio de 2012 • 2.580 Palabras (11 Páginas) • 589 Visitas
Introdução
O intuito deste trabalho é fazer uma analise intersemiótica do livro Como agua para chocolate e do filme homônimo, escrito e roteirizado para o cinema pela mexicana Laura Esquivel. Vamos entender um pouco como funciona essa adaptação de um meio para o outro, suas dificuldades de os pontos positivos e negativos da mesma.
O que é uma tradução intersemióticas ?
Tradução intersemiótica, segundo Roman Jakobson é um dos três tipos de tradução existentes, ele define-a como um tipo que, “consiste na interpretação dos signos verbais por meio de sistemas de signos não verbais” (JAKOBSON, 1999, P.65), essa definição não se restringe apenas ao cinema, podemos ter uma tradução intersemiótica da arte verbal para: música, dança, e pintura.
Em nosso trabalho será analisada a adaptação de uma obra literária para o cinema. As adaptações de livros literários para o cinema é algo que vem acontecendo com bastante freqüência, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, segundo alguns críticos, esse fato se deve a falta de criatividade de alguns roteiristas, outros, atribuem ao sucesso que determinado livros atingem perante o público e a críticas, e ao serem adaptados para as “telonas” arrastam multidões aos cinemas devido ao sucesso e expectativas que previamente as obras literárias geram em seus leitores.
“Como Agua para Chocolate”
Escrito pela mexicana Laura Esquivel, o romance Como Água para Chocolate foi lançado em 1989, conhecido como o período pós-boom. Com uma narrativa repleta de realismo fantástico que nos lembra as obras de Gabriel Garcia Marquez. Após alcançar o sucesso entre crítica e público, em 1992 foi lançado nos cinemas. O roteiro do filme foi adaptado pela própria autora e dirigido por seu marido, Alfonso Arau.
A história se passa no México, no inicio do século XX e narra a história de Tita, filha caçula de Mamá Elena, que por conta da tradição da família, deve permanecer solteira para cuidar de sua mãe até que ela morra. O problema é que aos 16 anos Tita acaba se apaixonando por Pedro e ele por ela, ao pedir a mão de Tita em casamento para Mamá Elena, ele recebe uma resposta negativa e para continuar próximo a sua amada ele acaba se casando com Rosauro, irmã mais velha de Tita.
Após a morte de sua amiga e cozinheira do rancho, Nacha, Tita assume o controle da cozinha e todos os seus sentimentos são passados para a comida, proporcionando aos que a provam reações inusitadas.
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Tradução Intersemiótica
Para muitos a adaptação literária para o cinema significa uma perda, pois como são veículos diferentes, não é possível abarcar todas as idéias de um para o outro. No entanto classificar essa adaptação como “infiel”, “traição”, “deformada”, “violada” (STAM, 2006 p. 18), não parece um ato muito justo, pois deve-se levar em conta que, a mesma, é feita com outros olhares e provavelmente com objetivos diferentes da sua antecessora. Independente das criticas negativas, as adaptações continuaram surgindo e cada vez mais com propostas diferentes, pois já está mais que provado que o grande público é a favor destas traduções.
Antes de fazer um julgamento leviano devi-se ter em conta qual a proposta que o diretor e/ou roteirista tem em mente, o que se que mostrar, quanto tempo será necessário, qual a proposta do estúdio, dos patrocinadores, produtores, ou seja, todos os envolvidos diretamente na adaptação. O contrário de um romance que geralmente é escrito com apenas a visão do autor/a.
Por se tratar de uma adaptação a outro signo, é importante lembrar que a obra nunca será igual a idéia que já temos concebida de determinado livro em nossa mente, pois cada um faz a leitura de determinada obra do seu jeito. Muitas personagens que em nossas mentes eram retratado de uma maneira, será retratado de outra forma pelos envolvidos na adaptação, o que pode nos causar um alguma decepção. Como foi o caso de Elvis César Bonassa, que ao reler Grande sertão:veredas, de Guimarães Rosa, não se contentava por a personagem Diadorim ter ganhado vida nas formas da atriz Bruna Lombarde. Segundo ele, a escolha estragou a obra.(OLIVEIRA, 2004 p. 38)
Talvez por ter participado tão ativamente do roteiro e da adaptação de seu livro Laura Esquivel , preservou muitas falas e situações como na romance, porém por se tratar de uma adaptação, essa obra também sofreu modificações.
Realismo mágico
Adaptar uma obra com elementos do realismo mágico não é tarefa das mais fáceis, pois esse estilo literário tem como características próprias misturar a realidade com elementos sobrenaturais, além de discorrer o tempo de forma própria e constantemente fazer uso de flashbacks, que muitas vezes, deixa o leitor um pouco desconectado com os eventos relatados.
No caso do filme analisado o diretor optou por fazer uma história linear e cronológica com poucos flashbacks, usando-o apenas no final. Por exemplo, para nos informar que Rosauro morreu por problemas intestinais.
Perdas?
Nesse momento iremos tratar de fatos ou detalhes que não foram passados para o filme.
Como já havíamos antecipado, na tradução intersemiótica vários aspectos serão tratados de forma diferente no livro e muitos acontecimentos serão deixados de fora ou adaptados, um dos fatores que podem corroborar para essas mudanças é o tempo da narrativa fílmica que como afirma o roteirista Leopoldo Serran:
O tempo médio de um filme comercial (em torno de cem minutos) é um elemento limitador no processo de transposição da narrativa fílmica. Apresentar neste tempo, uma história que contenha quatrocentas, quinhentas ou mais páginas exige ‘do adaptador’ uma escolha, uma seleção, uma estilização. Ele corta, suprime, enxerta e interpreta o texto, segundo a sua própria concepção da obra literária. [...] 1
Esse fragmento relata todo o trabalho do roteirista em criar um roteiro adaptado. Em Como água para chocolate, o filme tem aproximadamente 103 minutos de duração, adaptados de um romance de 209 páginas e mesmo tendo mesmos páginas do que a maioria dos romances adaptados, a roteirista ou não conseguiu dar conta de todos os elementos existentes, ou não era a proposta desejada, já que se tratava de uma adaptação.
Logo no início do romance a narradora (sobrinha-neta de Tita) nos informa que quando Mamá Elena, grávida de Tita, cortava cebola, Tita, no ventre de sua mãe, começava a chorar e Nacha, a cozinheira do rancho, que era um pouco surda, conseguia escutar seu choro (ESQUIVEL
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