Ampliación conceptual para ponencia SIED-ENPED 2016

O modelo de EaD implantado pela Universidade Tiradentes, tem como um dos

principais pilares o processo de tutoria e mediatização. Diferente dos processos de EaD construídos para serem mediados por tecnologias digitais e ambientes virtuais os

processos que sustentam uma proposta de educação a distância baseada em material impresso, embora mediados por modelos de tutoria muito próximos do papel do professor como conhecemos, exige um esforço muito maior em criar instrumentos e condições de auto-estudo que permitam no aluno o exercício de ação-reflexão-ação. É preciso reconhecer que a educação acontece em vários lugares e por meio de varias agências e o valor da aprendizagem está precisamente na capacidade de introduzir os discentes nos significados da cultura e da ciência por meio das mediações cognitivas e interacionais promovidas pelo docente.

As dificuldades em incorporar em sua pratica presencial estes elementos, os

professores e gestores olhavam com desconfiança a nova modalidade. Viam na EAD a redução da qualidade do ensino e de postos de trabalho. De 2000 a 2006, mais de 30% dos professores da UNIT já havia participado de ações de formação promovidas pelo Núcleo de Educação a Distância voltada para a construção de conteúdos, o exercício da tutoria e outras especialidades dos cursos a distância. Isto pode ser considerado como um indicador de que a Educação a Distância superou preconceitos e está firmemente enraizada na educação superior do estado de Sergipe.

No entanto, ainda existem limitações principalmente no que diz respeito ao papel

do professor novas competências pela EAD. Por ser uma universidade particular a

maioria dos professores são horistas o que dificulta uma dedicação maior na apreensão de novas possibilidades de ensinar e aprender com as tecnologias, que incluem a prática da tutoria, orientação e acompanhamento de alunos, domínio do sistema, produção de conteúdos e até as especificidades do processo de avaliação num espaço de aprendizagem virtual.

Este estudo será orientado pela abordagem teórica da psicologia históricocultural,

tendo como teóricos tradicionais: Vigostski (1989,1998, 2000, 2001, 2001a),

Luria (1990, 1998, 1987, 1979), Leontiev (1980) e Bakhtin (2000, 2005); e

contemporâneos: Valsiner (1989, 1995, 2006), Bruner (1997, 1998, 2001),Davis e Rom Harré (2001), Werstch (1985, 1988, 1998), dentre outros. Neste sentido partimos da concepção de que o ser humano se constrói em um ambiente sócio-historico-cultural através de uma relação ativa e transformadora com seus grupos e contextos.

Entendemos que os contextos da EAD movimentem significados diferentes do ensino

presencial fazendo com que na construção do professor desta modalidade haja a

necessidade de identificar e re-significar formas de ser e de agir como professor

orientado por estes significados que circulam neste ambiente.

Atualmente, sabemos, que os conhecimentos são compostos mais do que

apenas pelas definições, que são organizações lógicas de significados e direcionam

nossas interpretações que são organizadas em narrativas. Assim, em nossa pesquisa,

as narrativas, as explicações dos participantes sobre suas experiências no EAD da Unit serão ferramentas de mediação semiótica para o entendimento de seus

posicionamentos como professores. A expressão ‘mediação semiótica’ é utilizada para designar a mediação por meio dos signos que são constituídos socialmente e

historicamente pela linguagem e pela cultura de um grupo (Vigotski, 2000).

Sirgado (2000), retomando Vigotski, nos lembra que “a mediação é toda intervenção de um terceiro ‘elemento’ que possibilite a interação entre os “termos de uma relação” (p.38).

A mediação é uma forma de entender a função dos signos na comunicação entre

interlocutores e na construção de seus elementos sócio-culturais, facilitando

compreender e explicar a “internalização e a objetivação das relações entre

pensamento e linguagem e a interação entre sujeito e objeto do conhecimento.” (p.38).

Para Vigotski, a linguagem é o processo central para se entender a atividade psíquica.

De acordo com Volosinov (1992) a palavra enunciada é a ponte entre o locutor e

o ouvinte. A enunciação consiste na materialização da palavra que provoca a interação verbal e manifesta a linguagem. A palavra é a expressão da interação, uma vez que ela contém os aspectos enunciativos de quem fala e para quem é dirigida. Ao se enunciar uma palavra, leva-se em conta para qual grupo se está falando, em que situação e em que momento histórico a conversa está acontecendo; desse modo, a palavra não se refere apenas a quem fala, mas contém componentes enunciativos que remetem a quem se fala também. “A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. Se ela se apóia sobre mim numa extremidade, na outra apóia-se sobre o meu interlocutor. A palavra é o território comum do locutor e do interlocutor” (p. 113). É nesse sentido, que Volosinov (1992) desenvolve um conceito de interação dialógica, em que todo processo comunicativo pressupõe o encontro de vozes que são enunciadas pelo locutor e pelo interlocutor. Essas vozes são manifestações de ideologias culturais presentes nos grupos sociais aos quais as pessoas pertencem.

O encontro dialógico não acontece apenas quando se conversa face a face com

alguém, mas em todo o processo da comunicação verbal. Nos livros, nos textos, nos

contos, na música. Há sempre uma pessoa que fala e que direciona sua fala para o

outro. A forma como a fala se materializa está contextualiza e direcionada a um outro,

que participa dessa enunciação. Para esse autor, a comunicação não pode ser

entendida fora de um contexto, de um vínculo e de uma situação concreta, pois é nesse contexto que a enunciação produz significação. Assim, como pressupostos de nossa pesquisa entendemos que:

1) As atividades desenvolvidas pelo professor no ensino a distância propicia

a construção de novos significados relacionados ao ensino e à aprendizagem que

participam da construção do ser professor destacando conflitos e problemáticas

vivenciados, ou não, na modalidade presencial e que trazem impactos em sua

forma de ser e agir como docente.

2) Parte dos significados que regulam os comportamentos dos personagens

do ensino a distância (dirigentes, professores, tutores, alunos) originam-se do

ensino presencial o que dificulta e geram conflitos quando atualizados em suas

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