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Neopositivismо Georg Lukács


Enviado por   •  16 de Octubre de 2012  •  Tesis  •  1.673 Palabras (7 Páginas)  •  298 Visitas

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NEOPOSITIVISMO†

Georg Lukács

Naturalmente não se trata aqui de tentar descrever, nem mesmo de modo indicativo, esta crise variada e multiforme. Desde logo suas causas sociais apresentam se como extremamente divergentes e, ainda que fosse possível descobrir uma origem unitária sob essa heterogeneidade de superfície, mesmo assim não se suprimiria a especificidade e a autonomia certamente relativa, mas extremamente importante nesta relatividade das diferentes esferas. Neste contexto podemos apenas enumerar os componentes externos e internos mais fundamentais desta crise, em última análise contraditoriamente unitária em sua essência filosófica, sem poder examinar detalhadamente, em uma análise singular, qual o componente que em cada caso parece reivindicar legitimamente para si o caráter de momento predominante. Naturalmente, figuram aqui em primeiro plano as duas Guerras Mundiais, a Revolução Russa de 1917, o fascismo, o desenvolvimento do estalinismo na União Soviética, a Guerra Fria e o período do terror atômico. Seria porém uma unilateralidade inadmissível omitir, neste contexto, que a economia do capitalismo experimentou importantes transformações neste período, em parte devido a um crescimento qualitativo significativo no domínio da natureza e, em estreita correlação com este último, a um aumento inimaginável da produtividade do trabalho; e em parte devido a novas formas de organização destinadas não só a aperfeiçoar a produção, mas também a regular capitalisticamente o consumo. De fato, não se deve ignorar que a completa absorção da indústria de meios de consumo (e dos chamados serviços) pelo capital é um resultado dos três últimos quartos de século, e do qual se deriva a necessidade econômica de uma manipulação do mercado cada vez mais refinada, desconhecida tanto na época do livre comércio quanto no início do capitalismo monopolista. Paralelamente a isso no fascismo e na luta contra ele emergem novos métodos de manipulação da vida política e social, que intervieram profundamente na vida individual e numa fértil interação com a já mencionada manipulação econômica se assenhoraram de setores cada vez mais amplos da vida. (O próprio estranhamento como fenômeno social é, certamente, muito mais antigo; mas com a situação ora descrita ele é transformado em problema cotidiano popular para círculos cada vez mais amplos). A moderna sociologia ocidental desenvolve se sempre decisivamente na linha de uma teoria geral da manipulação socialmente consciente das massas. Karl Mannheim já tentara há trinta anos elaborar um método científico com este objetivo; é significativo que ele considerasse como elementos estruturais dessa nova ciência o pragmatismo, o behaviorismo, e a psicologia do profundo (Tiefenpsychologie). É digno de nota que Mannheim, que procurava uma força no mundo democrático que se contrapusesse à influência fascista sobre as massas, assinalasse a afinidade metodológica entre a teoria behaviorista e a praxis fascista. Ele recusava, com toda razão, a identificação simplista das duas, mas com tal indicação colocava em evidência a continuidade socio-econômica de certos problemas centrais da vida social, sobretudo a generalidade da manipulação como o "telos" da metodologia científica. Há tempos que esta ultrapassou o terreno da experiência e do postulado e hoje domina a vida inteira, da praxis econômica até a ciência.

Como já é visível até aqui, a ciência contemporânea não é mais simplesmente um objeto do irresistível desenvolvimento social no sentido da manipulação generalizada, mas participa ativamente de seu aperfeiçoamento, de sua difusão generalizada. Seria falso circunscrever este papel ativo à sociologia e à economia; esta mudança talvez seja mais nítida na teoria e na praxis políticas. De fato, enquanto em meados do século passado, especialmente no liberalismo, difunde se um amplo ceticismo, ou mesmo um profundo pessimismo, como conseqüência da "massificação" da vida política e social (Toqueville, J. Stuart Mill, etc.), emerge nas últimas décadas uma confiança no poder ilimitado da manipulação das massas. Inclusive as indicações de Mannheim mostram que neste processo cumpriram um papel importante, senão o principal, influentes tendências filosóficas (Pragmatismo, Behaviorismo). De um ponto de vista filosófico não há nisso nada de surpreendente. O princípio da manipulação já vem implicitamente enunciado na concepção do cardeal Bellarmino, a qual, conforme vimos, dominou por longo período as mais influentes correntes da filosofia burguesa. Se de fato a ciência não se orienta para o conhecimento mais adequado possível da efetividade existente em si, se ela não se esforça para descobrir com seus métodos cada vez mais aperfeiçoados estas novas verdades, que são de modo necessário ontologicamente fundadas, e que aprofundam e multiplicam o conhecimento ontológico, então sua atividade se reduz em última análise a sustentar a praxis no sentido imediato. Se a ciência não pode ou, conscientemente, não deseja abandonar este nível, então sua atividade transforma se numa manipulação dos fatos que interessam aos homens na prática. E é isso mesmo que o cardeal Bellarmino requeria da ciência para salvar a ontologia teológica.

Já o positivismo do início do século foi muito mais a fundo nesta direção do que as correntes que o haviam precedido. A gnosiologia de Avenarius, por exemplo, excluía completamente a efetividade existente em si, ao passo que as grandes revoluções que se iniciavam nas ciências da natureza pareciam oferecer um fundamento à completa exclusão das categorias ontológicas decisivas

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