MARX.
Enviado por MargaritaRussian • 24 de Octubre de 2013 • Informe • 567 Palabras (3 Páginas) • 247 Visitas
O pensamento de José Carlos Mariátegui constitui referência
obrigatória para pensar Marx nas Américas – Indígena e Latina. Tratase
do “mais importante e inventivo dos marxistas latino-americanos”
além de ser “também um pensador cuja obra, por sua força e
originalidade, tem um significado universal” (LÖWY, 2005, p.7).
Propõe-se, nesse artigo, pensar sua obra no contexto de um
encontro entre Marx e a América Indígena. Esta se situa aquém da
América Latina – por ser uma visão desta – e além, pois a antecede no
tempo e a extrapola no espaço (PERRONE-MOISÉS, 2006). Ou seja,
trabalha-se aqui a obra de Mariátegui no sentido em que ele faz dialogar
Marx com o fundo cultural comum pan-americano.
Mariátegui propôs a idéia de um socialismo indo-americano e o
fez em interlocução com lutas e pensamentos indígenas e indigenistas
de sua época. O presente artigo intenta pensar isso com auxílio de certa
antropologia e inspiração numa série de lutas em curso nas Américas.
Busca-se, assim, analisar a rica contribuição mariateguiana ao
pensamento social e político estudando, num primeiro momento, sua
singularidade, num segundo momento, suas fontes, em seguida, certos
limites, para, por fim, intentar pensá-lo em diálogo com as práticas,
memórias e lutas indígenas (com mediação etnológica).
Singularidade do pensamento de José Carlos Mariátegui
Mariátegui ocupa uma posição singular no âmbito do marxismo
latino-americano. Sua originalidade se situa na questão indígena e sua
principal obra, Sete Ensaios de Interpretação da Realidade Peruana, busca
combinar os instrumentos analíticos de Marx com as influências
endógenas indo-americanas.
Se o pecado original do Peru foi o de nascer contra os índios, o
projeto socialista não podia ignorar a realidade de um país agrário, onde
o índio era o agricultor tradicional e representava três quartos da
população; “o índio é o alicerce da nossa nacionalidade em formação.
(...) Sem o índio, não há peruanidade possível” (MARIATEGUI, 2005, p.
87).
cadernos cemarx, nº 6 - 2009 | 99
Este defendia não ignorar nem a realidade nacional nem a
mundial, ao colocar que “o socialismo, afinal, está na tradição americana.
A mais avançada organização comunista primitiva que a história registra
é a inca” (MARIATEGUI, 2005, p. 120), traçando, assim, uma “estratégia
política que situava nas comunidades indígenas o ponto de partida para
uma via socialista própria aos países indo-americanos” (LÖWY, 2005,
p. 22).
Tal perspectiva inspira-se no comunismo agrário inca, onde a
propriedade
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