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O trabalho de Platão Theaetetus


Enviado por   •  11 de Marzo de 2015  •  Informe  •  965 Palabras (4 Páginas)  •  140 Visitas

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TEETETO

1 — Euclides — Voltaste há pouco do campo, Terpsião, ou já faz tempo?

Terpsião - Faz bastante tempo; procurei-te na praça do mercado e estranhei não encontrarte.

Euclides — É que não me achava na cidade.

Terpsião — Por onde andavas?

Euclides — Havia baixado ao porto, quando encontrei Teeteto, que transportavam do

acampamento de Corinto para Atenas.

Terpsião — Morto ou vivo?

Euclides — Vivo, porém muito mal; ressente-se bastante dos ferimentos recebidos. Porém

o pior éter apanhado a doença que atacou as tropas.

Terpsião — Disenteria, talvez?

Euclides — Exato.

Terpsião — Pelo que dizes, estamos na iminência de perder um homem e tanto!

Euclides — De muito merecimento, Terpsião. Agora mesmo, ouvi fazerem-lhe os maiores

elogios, pelo modo por que se houve na batalha.

Terpsião — Não é de admirar. Estranho seria se ele fosse diferente. Mas, por que não ficou

aqui em Mégara conosco?

Euclides — Tinha pressa de chegar a casa. Insisti com ele e o aconselhei muito; porém não

se deixou convencer. Por isso, o acompanhei: e, ao retornar, lembrei-me, com admiração,

de como Sócrates foi bom profeta a respeito de muita coisa e também de Teeteto. Se mal

não me lembro, pouco antes de morrer ele encontrou Teeteto, que ainda era adolescente.

Ambos a se conhecerem, e logo a conversar, tendo ficado Sócrates encantado com a

natureza do rapaz. Quando estive em Atenas, Sócrates me falou pormenorizadamente na

conversa que então mantiveram, muito digna de ouvir, tendo acrescentado que se ele

chegasse a ser homem, fatalmente se tornaria célebre.

Terpsião — Só falou a verdade, como parece. E a respeito de quê conversaram, poderias

dizer-me?

Euclides — Não, por Zeus! Assim, de improviso, não me seria possível. Porém logo que

cheguei a casa, tomei alguns apontamentos sobre o que mais me impressionara, havendo

posteriormente redigido mais de estudo o que me acudia à memória. Além do mais, sempre

que ia a Atenas, interrogava Sócrates acerca do que não me recordava com minúcias e, de

regresso, corrigia meu trabalho. Foi assim que, praticamente, consegui reproduzir todo o

diálogo.

Terpsião — É verdade; já te ouvira falar nisso, e sempre tinha intenção de pedir que mo

mostrasses, o que vinha diferindo até hoje. Mas, que nos impede de o lermos agora mesmo?

Tanto mais, que preciso descansar, pois acabo de chegar do campo.

Euclides — Eu, também, acompanhei Teeteto até Erínio; por isso, uma pausa, agora, não

seria nada mal. Vamos entrar; enquanto repousamos, meu escravo nos fará essa leitura.

Terpsião — Ótima idéia.

Euclides — Aqui tens, Terpsião, o livro. Porém redigi de tal modo o diálogo, que em vez

de Sócrates me relatar o ocorrido, como o fez, entretém-se com os que ele próprio declarou

terem tomado parte na conversação. Referia-se ao geômetra Teodoro e a Teeteto. Para não

sobrecarregar o escrito com tantas fórmulas intercaladas no discurso, sempre que Sócrates

fala: Digo, ou Afirmo, ou, com referência aos interlocutores: Concordou, Não concordou,

dei ao trabalho feição de um diálogo direto entre ele e os dois opositores, com exclusão de

tudo aquilo.

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