METÁFORA: ESSENCIAL NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE ELE POR ALUNOS LUSO-FALANTES
Enviado por ManuFreire • 17 de Noviembre de 2011 • 3.584 Palabras (15 Páginas) • 763 Visitas
METÁFORA: ESSENCIAL NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE ELE POR ALUNOS LUSO-FALANTES
Francisca Manuela de Souza Freire
(UFPB)
RESUMO: Estudar uma segunda língua requer conhecimento do campo metafórico do idioma que se pretende estudar. Alunos que têm o português como língua materna, costumam não se preocupar, ou não se dedicar ao estudo do espanhol por crerem erroneamente que o fato de as duas línguas pertencerem a uma mesma família e assim serem parecidas, torna fácil o aprendizado sem necessitar muito esforços. Porém o campo metafórico, que é cultural e varia de povo pra povo, é reflexo da comunidade falante, e está presente na linguagem cotidiana de forma tao natural que as pessoas não percebem e nem fazem esforços para metaforizar as coisas. Por ser um domínio abstrato se torna um dificultador no processo de aquisição do Espanhol como segunda língua, e um aluno que não tiver domínio desse campo, não será satisfatoriamente proficiente. Esse trabalho, através da aplicação de um teste, investigou o nível de conhecimento no campo metafórico de alunos que tem o português brasileiro como língua materna e que estão em nível avançado no estudo do Espanhol como Língua Estrangeira, com o objetivo de verificar, se eles têm competência nesse campo. Foi apurado com a pesquisa, que esse domínio necessita de muito mais dedicação por parte dos alunos, pois estes não obtiveram um resultado satisfatório.
PALAVRAS-CHAVE: Metáfora, Cultura, Língua Espanhola.
INTRODUÇÃO
No início do estudo de Espanhol como Língua Estrangeira (ELE), muitos alunos brasileiros acreditam que o simples ato de decorar o significado de palavras e depois agrupá-las em frases, é suficiente para que sejam proficientes. Eles acham que a proximidade entre as duas línguas facilita na hora de aprender à segunda. Para esses alunos, o Espanhol se parece muitíssimo com o Português, “sendo assim, é simples concluir que eles crêem que estudar Espanhol é fácil para os falantes lusos” (CELADA, GONZÁLES, 2005). Com esse pré-conceito, muitos se aventuram a estudar sem uma preocupação de aprofundamento e não percebem que a complexidade de se estudar outra língua não se resume ao léxico e a sintaxe, por mais familiares ou parecidas que elas possam ser.
Um bom exemplo dessa “distância” entre as línguas é o uso de metáforas pelos falantes em situações cotidianas. O uso de expressões metafóricas está presente, mesmo que inconscientemente, na fala de todos os membros de uma comunidade. Essas metáforas, segundo Lakoff e Johnson (1980) são culturais, e a forma de conceituar abstrações do cotidiano pode variar a cada comunidade que possua costumes diferentes e na maioria dos casos, línguas diferentes.
Aplicando essa teoria da metáfora a aprendizagem de ELE por alunos brasileiros, fica claro que eles não devem se enganar com a aparência entre duas, pois a língua em uso difere das outras nos significados, nas intenções, nas compreensões e na forma como cada comunidade falante entende e conceitua as abstrações do mundo. Ou seja, o campo metafórico de uma língua distancia esta, de qualquer outra em que os falantes possuam costumes e valores diferentes. Sendo assim, um aluno brasileiro, que estar inserido em uma cultura diferente, se não se preocupar em aprofundar os estudos no campo metafórico do Espanhol, confiando na facilidade de se aprender pela aparência entre duas, não poderá ser completamente proficiente.
Pensando em como é essencial aprender e dominar as metáforas de uma língua/cultura para ser proficiente, essa pesquisa é relevante para que se possa conhecer em que ponto anda a competência dos alunos no campo metafórico, pois assim, eles próprios podem perceber o quanto precisam se dedicar mais ao estudo do Espanhol. É importante também, para desmistificar a idéia que quem fala português, poderá falar espanhol sem dificuldade. Por último, é importante para o professor, pois tendo consciência das dificuldades dos alunos, pode melhorar o ensino e conseqüentemente a aprendizagem das metáforas em sala de aula.
Baseado nisso, este trabalho tem por objetivo testar o nível de conhecimento metafórico em que se encontra um grupo de alunos que tem o Português como língua materna e que estão cursando o nível avançado I ou II de Língua Espanhola. O trabalho também buscou verificar se os alunos responderam o teste por conhecer as metáforas, se foi por dedução, ou se por não conhecerem e nem conseguirem deduzir, simplesmente responderam aleatoriamente. Outro ponto investigado foi se os alunos conseguiram compreender as metáforas estando elas descontextualizas, ou se quando apresentadas dento de contexto, saber o que significam se tornou mais fácil. E por último, a pesquisa investiga se os estudantes, por mais que estejam no mesmo nivelamento, apresentam alguma diferença de compreensão metafórica, levando em conta que alguns têm contato mais freqüente com o Espanhol do que outros.
Para os propósitos desse trabalho, é importante conhecer a teoria da metáfora conceptual de Lakoff e Johnson e relacioná-la com a cultura e com o estudo de ELE.
Metáfora
Por muito tempo a metáfora, numa tradição que remota de Aristóteles, foi estudada sob uma ótica estritamente lingüística, sendo definida como artifício de embelezamento próprio de linguagens especiais como a poética e a persuasiva.
Em 1980, George Lakoff e Mark Johnson, lingüista e filósofo americanos respectivamente, publicaram um estudo intitulado ‘Metaphors We Live By’, e mostraram que a metáfora não é mero artifício literário e que não deve ser estudada apenas sob uma perspectiva lingüística. Nesse estudo eles comprovam que ela, antes de estar no domínio da linguagem, está no domínio do pensamento e assume uma função fundamental na linguagem cotidiana.
Ferrão, em seu artigo Teoria da Metáfora Conceptual: Uma breve Introdução, (p. 4, citando Batoréo, 2000 [1996]: 151) diz que “de fato, ‘o nosso pensamento é predominantemente metafórico por operar nos conceitos, também eles metafóricos, sistematicamente organizados e refletidos na língua de uma maneira coerente’.
[…] As metáforas conceptuais são em larga medida responsáveis pela nossa “topologia cognitiva”, influenciam a nossa maneira de agir e realizam-se quer em obras de natureza artística quer em instituições, mitos e práticas sociais. Estas realizações refletem a estrutura do nosso sistema conceptual e simultaneamente reforçam-na, oferecendo novas bases, na experiência, para a validade destas metáforas (além da experiência biológica, também as criações humanas podem proporcionar uma base experiencial). (AMARAL 2001: 246 apud FERRÃO,
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