Multiculturalismo Na Escola
Enviado por vurquidi • 3 de Mayo de 2012 • 5.925 Palabras (24 Páginas) • 711 Visitas
O MULTICULTURALISMO E A ESCOLA
RESUMO
O objetivo deste trabalho é discutir sobre a temática da diversidade cultural no processo educativo. Refletir em torno do mito da democracia racial, cultural, racialismo, etnia, identidade ética e multiculturalismo. Pontua-se ainda a presença de diferentes experiências socioculturais no Brasil, contribuindo para o repensar da prática pedagógica do professor e a formação do aluno enquanto sujeito das suas ações.
PALAVRAS-CHAVE: Cultura, identidade ética, diversidade cultural, educação e cidadania.
ABSTRACT
The objective of this work is to discuss on the theme of the cultural diversity in the educational process. It is to contemplate around the myth of the democracy racial, cultural, racialism, ethnic, ethical identity and multiculturalism. It is still punctuated the presence of different sociocultural experiences in Brazil, contributing to rethinking of the teacher's pedagogic practice and the student's formation while subject of their actions.
WORD-KEY: Culture, ethical identity, cultural diversity, education and citizenship.
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é pontuar as características das lutas de diferentes grupos sociais em favor do reconhecimento de suas diferenças culturais. Abordará o conceito de multiculturalismo, fazendo uma ponte dessa temática com o papel que a escola vem desempenhando no seu bojo para incluir esse fenômeno no seu currículo Pretende-se ainda identificar as múltiplas maneiras de perceber a diferença cultural entre os seres humanos, no período que corresponde aos séculos XVII e XIX, nas sociedades ocidentais, e sua relação com a constituição da cidadania como um direito, apontando as implicações e os limites dessa concepção. Pontuaremos também os diversos significados do respeito à diferença no cotidiano escolar, distinguindo a diferença entre tolerância com o “outro” e exercício da cidadania cultural no espaço escolar. Para finalizar, será feita uma reflexão, quando ousaremos perspectivar um cenário de futuro para a escola frente o multiculturalismo.
Atualmente, vários movimentos sociais no Brasil e no mundo têm questionado a visão homogeneizada na sociedade e reivindicam uma política de reconhecimento, tanto de suas diferenças, de suas múltiplas identidades, como de suas desvantagens e desigualdades sociais, oriundas da discriminação social de gênero, de raça, de opção sexual e de origem regional. As ações dessas diferentes instituições são cognominadas multiculturalismo. Nesse sentido, é obrigação dos Estados democráticos contribuírem para que os grupos que se encontrem em desvantagem possam conservar as suas culturas contra as interferências das culturas majoritárias ou de massa. A política voltada para o reconhecimento da diferença exige que as instituições públicas não passem por cima das particularidades. Afinal, existe um leque muito largo de opções para viver a vida em sociedade. E o mais interessante é quando “apreendemos” e compreendemos o outro, ocasião em que podemos perceber com nitidez o que somos e os valores que norteiam nossas vidas.
Esse movimento de reconhecimento e valorização das especificidades culturais do outro tem sido um postulado desafiador para a escola por alguns indicadores, que convém refletir para que possamos perceber e entender atitudes exclusivas por parte desta instituição, quando na verdade tem como função primordial respeitar as diferenças, haja vista, ser um palco onde desfila a democracia e, principalmente, pelo seu principal objetivo: proporcionar o aprendizado do aluno, considerando o ritmo individual de cada um.
Neste sentido, pretendemos neste diálogo, construir um entendimento de cultura à luz dos estudiosos desse tema para, a partir de então, refletir a atenção que temos disponibilizado sobre esse entendimento dentro da escola. Seria na verdade a desconstrução do conceito de cultura e outro olhar para essa concepção.
LARRAIA (2005) no seu livro CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO apresenta alguns fatores que promoveriam a homogeneização da cultura, aborda o determinismo biológico, o geográfico, mas conclui dizendo que não é o suficiente para manter uma cultura de um povo igual ao outro e ratifica dizendo:
As diferenças existentes entre os homens, portanto, não podem ser explicadas em termos das limitações que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil provido de insignificante força física dominou toda a natureza e se transformou no mais terrível dos predadores. Sem asas, dominou os ares; sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares. Tudo isto por que difere dos outros animais por ser o único que possui cultura (LARRAIA, 2005, pg 24).
Mas afinal o que é a cultura? Este é o ponto no qual vamos nos deter neste momento a fim de encaminhar um foco, uma possível resposta ou, quem sabe, provocar dúvidas e incertezas sobre o assunto.
LARRAIA (2005), depois de ter elencado vários conceitos de cultura, arrisca mais um e diz que:
O homem ao adquirir cultura, perdeu a propriedade animal, geneticamente determinada de repetir os atos de seus antepassados, sem a necessidade de copiá–los ou de submeter a um processo de aprendizado. Logo tudo que o homem faz, aprendeu com os seus semelhantes e não decorre de imposições originadas fora da cultura. Portanto, cultura é um conjunto de artefatos imprescindíveis para a existência humana, isto é, para definir cultura, significa compreender a própria natureza humana, tema perene da incansável reflexão humana” (LARRAIA pg 42).
Referenciando MURDOCK (1932), “os antropólogos sabem de fato o que é cultura, mas divergem na maneira de exteriorizar este conhecimento” (pg 63).
Toda esta discussão é para nos remeter a uma reflexão: Por que descortinar essa concepção de que somos todos iguais? O que tem de fato nos atraído no cenário atual que embala essa discussão acerca do multiculturalismo? Parece que tudo leva a crer que este embate permeia e se intensifica nas últimas décadas, devido aos efeitos da “globalização”, isto é, a integração mundial das economias, dos meios de comunicação de massa e das políticas governamentais. Neste mundo globalizado, uma antiga concepção de nação, vista como culturalmente homogênea, uma só língua, uma só raça, uma só história, uma só cultura, etc., deixou de fazer sentido.
No meio desse
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