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Enviado por   •  18 de Julio de 2013  •  1.525 Palabras (7 Páginas)  •  495 Visitas

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ciências humanas, ela define seu objeto por processos de abstração, dissipando as existências individuais em um conceito próprio. Como os seres-humanos vivem em constante interação uns com os outros, tal fato traz um novo modo de observação para as ciências do espírito: o ponto de vista da produção social, pelo qual entende-se que todas as formações – linguagem, religião, família, etc – se produzem na relação entre os indivíduos. Assim, “a sociologia não é somente uma ciência com objeto próprio, delimitado e reservado para si, o que a oporia a todas as outras ciências, mas ela também se tornou sobretudo um método das ciências históricas e do espírito” (p.22), de maneira que as demais ciências se aproveitam do método sociológico sem, necessariamente, perderem seu foco, mantendo suas autonomias.

Partindo dessas considerações, Simmel apresenta três grandes conjuntos de problemas sociológicos. O primeiro deles, o estudo sociológico da vida histórica – sociologia geral –, é a tentativa de explicação dos diversos fenômenos da vida humana pelo viés do método sociológico, levando-se em consideração que a vida social é apenas uma dentre várias categorias de interpretação possíveis, parcial como qualquer outra.

O segundo grupo é o estudo das formas societárias – sociologia pura ou formal –, aqui sim se delimitando o objeto da nova ciência, pois “se a sociedade é concebida como a interação entre os indivíduos, a descrição das formas de interação é tarefa de uma ciência específica, em seu sentido mais estrito, assim como a abstração geométrica investiga a simples forma espacial de corpos que existem somente empiricamente como formas de conteúdos materiais” (p.33). Desta forma, a sociologia pura tem por objeto os fenômenos no momento de sua sociação, livres dos seus conteúdos que ainda não são sociais para si.

Por último, o terceiro grupo de questões, que leva em consideração a sociedade como um fato, é o estudo dos seus aspectos epistemológicos e metafísicos – a sociologia filosófica. As ciências sociais estariam delimitadas por dois âmbitos filosóficos: de um lado, as indagações acerca das bases para a realização da pesquisa (pressupostos e conceitos fundamentais) e, de outro, as conclusões, conexões e problemas que não encontram lugar na experiência concreta. Neste sentido, saber se a sociedade é o objetivo ou meio da existência humana, por exemplo, é uma pergunta que não se responde pela averiguação dos fatos, mas tão somente pela interpretação das particularidades em busca de uma visão global da realidade social, surgindo a sociologia como teoria do conhecimento.

Para complementar os pontos do primeiro capítulo, e do livro como um todo, sugerimos ao leitor o ensaio O problema da sociologia (traduzido diretamente do livro Soziologie: Untersuchungen über Die Formen Der Vergesellschaftung), presente na coletânea organizada por Evaristo de Moraes Filho, o qual apresenta os elementos que o sociólogo alemão sugere como sendo o objeto desta nova ciência, além de aprofundar questionamentos sobre seu caráter científico em si.

A partir do capítulo 2, Simmel coloca exemplos analíticos de questões pertencentes a cada um dos grupos explicados, sendo o segundo capítulo (O nível social e o nível individual) um exemplo da sociologia geral. O autor parte das diferenças entre a vida individual e a vida social, ressaltando que a unidade do grupo precisa ser tratada como se fosse um sujeito, com leis e características próprias, sendo fundamental para o questionamento sociológico as diferenças entre as duas experiências.

No centro desta diferença está a característica dos grupos de terem propósitos e objetivos mais definidos que os individuais. A massa não conhece o dualismo e as indecisões visto que, de acordo com Simmel, seus objetivos correspondem àqueles que os indivíduos apresentam como mais simples e primitivos, exatamente por serem os mais amplamente disseminados, ao passo que na experiência individual o ser humano é pressionado por comportamentos e impulsos contraditórios.

A causa da formação da unidade social com base nos pensamentos mais simples está na idéia de que a semelhança e a diferença são os princípios essenciais do desenvolvimento externo e interno do ser humano: “é como se cada individualidade sentisse seu significado tão-somente em contraposição com os outros, a ponto de essa contraposição ser criada artificialmente onde antes não existia” (p.46).Conseqüentemente, o trágico da sociologia é o fato de que mesmo o indivíduo possuindo qualidades aprimoradas e cultivadas, a instância na qual será possível a comparação para formação da unidade será reduzida a camadas inferiores e sensorialmente primitivas: a massa torna-se “um novo fenômeno que surge não da individualidade plena de cada um de seus participantes mas daqueles fragmentos de cada um que coincidem com os demais. Esses fragmentos, contudo, não passam dos mais primitivos, aqueles que ocupam

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